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Posts Tagged ‘eternidade’

Após ficar aprisionado 30 anos, há cerca de uns seis meses atrás eu finalmente saí das dependências da Companhia com o meu novo amiguinho. Anos antes, eu tentei sair de lá me relacionando com uma loira como eu, mas até hoje me arrependo. Eu acho que – depois de tantos anos preso sozinho numa cela – eu deveria estar MUITO desesperado para tentar algo com ela. Fora que é estranho você ter algo com alguém que você viu crescer. Prefiro esse moço de agora, o Peter. Até para sair de lá foi divertido, fizemos um trenzinho. A solidão é um preço que se tem que pagar quando se é eternamente jovem. As pessoas passam e você continua sendo só você.

Esse é um dos motivos por eu querer o Vírus Shanti. É para um propósito bastante humanitário. Sim, amigos, se duvidam disso, é porque vocês é que não me compreenderam ainda.

A vingança não é uma resposta, mesmo que tudo o que você ame tenha sido devastado. O que eu quero dizer é que eu acho que as pessoas não deveriam procurar pelo assassino do pai delas e cometer uma violência com ele, certo? Isso atrai um carma negativo (para quem morre, claro; já eu não posso ter carma, simplesmente porque não reencarno).

O mais chato dessa história de viver tanto tempo é você não poder curtir coisas do seu passado, inclusive devido ao fato de essa geração sem memória não as ter preservado ou não ter aprendido a apreciar as poucas coisas que o ser humano fez de bom. Não posso mais escutar o original ao vivo de minhas óperas preferidas, regidas pelo próprio autor das mesmas. Hoje as pessoas só escutam um monte de grunhidos com chiados e sons metálicos e tambores. Não vêem por que a humanidade precisa morrer? Precisamos consertar esse tipo de coisa. Afinal, qual o problema em matar um monte de gente? Sério, amigos leitores, tudo é por uma causa maior. Ninguém parece me entender…

Além disso, minha missão me dá algo para fazer e me faz conhecer pessoas interessantes que irão me trair e me abandonar como todo mundo faz no final, e isso vai me deixar ainda mais amargurado e firme em meu propósito. O Peter salvou a minha vida e eu salvei a dele, foi uma troca justa. Eu nunca deveria ter contado a ninguém que me atirar na cabeça me mataria. Sei que na época eu estava tão entediado que quis morrer pra me livrar dessa praga que é a vida humana, mas enfim. Agora eu tenho um propósito, então, em vez de eu morrer, que morram os outros.

Eu sou um ser tragicamente mal-compreendido. Talvez por isso tenha me identificado com o Peter, que também tem cara de ser alguém que gosta de dramas. Contudo, acredito piamente que as pessoas, em especial as mulheres, só não me odeiam mais porque – como disse o Peter – estou bem conservado. E, não, não foi o formol. Vai ver foi o saquê…

Preciso ir agora. Sou imortal, mas ainda sinto fome. Até o próximo post, temos a eternidade inteira pela frente pra isso.

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